Relembrando…

Tem gente que acredita: coincidência é ação divina.

De outro modo, o mesmo nome não é a mesma coisa,
e nem tudo é à toa ou quase tudo não é à toa.

Na última Bienal de Par Em Par, ano passado, os jovens cearenses Pizamiglio, Pires e Mouramateus dançam “Cavalos” pelo CirculaDança. Já a intérprete e criadora em dança Michele Moura, de Curitiba/PR, do Coletivo Couve-Flor, também dançou esse nome, mas no singular: “Cavalo”.

Para além da Bienal, Silvia Moura dançou e ainda dança “Engarrafada”, um espetáculo de dança, inclusive, no Festival Litoral Oeste, em julho de 2010, em Itapipoca. Já alguns artistas curitibanos encerraram, lá no Sul, no mesmo ano, temporada com “Engarrafados”, um espetáculo de teatro.

(som de vento forte e um leve suspiro transparece no meu rosto)

Agora várias sinapses acontecendo, você sente, corpo pensando, pensando, inspiro-me em Caio Fernando Abreu:

Hein?
O quê?
O que é que você quer dizer com isso?
Tem alguma coisa atrás, eu sinto.
Não. Não tem nada. Deixa de ser paranóico.
Não é disso que estou falando.
Você está falando do quê, então?
Eu estou falando disso que você falou agora.
Ah, sei.
Não, não foi assim.
Você também sente?
O quê?
Não me confunda. Tem alguma coisa atrás, eu sei.

(pausa na posição de cócoras)

No dicionário Aurélio, coincidência é: ato ou efeito de coincidir. / Geom. Estado de duas figuras geométricas que se superpõem. / Fig. Concurso de circunstâncias: uma feliz coincidência. / Realização simultânea de dois ou mais acontecimentos; simultaneidade, contemporaneidade.

Olha aí, eu não falei que tinha alguma coisa atrás, ainda sinto. Pois no começo tudo era claro, mas agora parece mais um bom pretexto para uma conversa …

…sobre os nomes e as coisas … e as danças…

 

Texto de minha autoria, originalmente publicado no fanzine Beijo de Língua (Tembíú), durante a Bienal de Par Em Par 2010, com algumas alterações para esta versão on-line.

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