Foto: Alex Hermes/Outras Danças 2011

Propuseram-me uma tarefa desafiadora, escrever. Mas escrever quase como um olhar às avessas… para dentro… de fora para dentro. Esse texto fala do solo Proposições para o infinito… uma obra bailarina.

O que propor ao infinito? Uma pergunta que acompanha a obra e o intérprete. Pensar o infinito é, sobretudo, pensar em algo sem fim, que perdura e, mesmo em meio a modificações, existe uma permanência, um desdobramento, uma imensidão. Então, o quê propor ao que já traz consigo possibilidades pensáveis e impensáveis?

Paradoxalmente o que se ver, “timidamente”, é a imagem de um corpo sobre uma rocha, ou parte dela, um lugar onde ele permanece com sua limitação “geográfica”… um pedaço… pedaço de mundo que se faz. Seria essa permanência uma das ousadas proposições para o infinito?

O corpo bailarino em cima do “pedaço de rocha” vai “ebulindo” sua matéria sólida num ciclo quase ritualístico, mostrando-se inquieto “corpo-água-poético”. Um jogar de pedra no lago adormecido… E seguem os dois, ela imponente e firme, ele “frágil” e instável… dançando.

Sou de Itapipoca, lugar que em seu nome traz a marca rochosa que enchem bocas e ouvidos com lendas sobre essas imponências naturais. Ita é pedra; pipoca é rebentada… Pedra Rebentada, batizaram os indígenas. Talvez a obra proponha algo mais visceral, a gênese do que é pedra, bailarino, cidade e seus encantamentos que escorrem pelas fendas desse pipocar de tensões que vai se estabelecendo.

Penso que talvez haja proposta alguma para o infinito, mas uma poesia escrita a mão… “esculpida” por mãos, pés e água desse corpo pipocado… pipocando… e quão infindável é o seu habitar a “rocha-mundo”.

Viana Júnior é bailarino, criador-intérprete, músico, palhaço, arte-educador e integrante da Cia Balé Baião (Itapipoca/CE).

 

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Proposições para o infinito por Joubert Arrais (Outras Danças 2011)

Outras Danças Edição 2011

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