(Foto: João Meireles / Salvador)
AMANHÃ, 26 DE MAIO, ÚLTIMA APRESENTAÇÃO DO SOLO EU DANÇO SAMBARROXÉ, ÀS 20 HORAS, NO TEATRO DO CENTRO DRAGÃO DO MAR, PELO PROJETO QUINTA COM DANÇA
Ainda na fase experimental da pesquisa, apresentei a performance “Sambarroxé – um experimento bruto” em junho de 2009 no II Encontro Interação e Conectividade, promovido pelo Grupo Dimenti (Salvador/BA), na capital baiana.
Na ocasião, o pesquisador e coreógrafo Jorge Alencar, deste grupo, escreveu um texto bem humorado, e não menos contundente, sobre o trabalho, o que considerei uma espécie de texto dramatúrgico sobre a obra, além de deixar forte a relação dança e política no corpo que dança o sambarroxé.
Segue abaixo o texto na íntegra:
A dança-rasga-saco com os hífens que ainda a restam da mistura que faz
Mexido 1: no escuro da sala, como dentro dum saco preto de lixo, um rádio tosco toca numa inconstância esquizofrênica sons de samba, arrocha, axé. Quem é quem se até com hino nacional dá para mexer os quartos? Saco sonoro entupido de quadril. De um quadril urbano e popular com pinta de AM. Quadril que nem precisa de palco solene. Quadril de rua sem camarote. Quadril com livre acesso. Quadril de todos nós e qualquer um.
Mexido 2: ele mexe engraçado num rebolado sacana de quem quer comer todos os pratos da mesa de uma só vez. Arrocha, axé, samba. Tá tudo alí, mas nada está lá exatamente. Saco de lixo preto fashion apropriado: um shortinho sem condições, uma camiseta fim de festa, uma chuteira com as cores da nação. Para embolar o meio de campo.
Mexido 3: do vestígio. A voz sai dizendo o que deve ou deveria ser feito. A voz é o corpo mesmo que saído do radinho podre. Mídia deslocada, gasta e pertinente. O radinho é saco preto de lixo sonoro que toma corpo pelo estímulo-comando que, nessa altura, é memória-vestígio dos outros já mexidos.
Mexido 4: Lá está o corpo, fetichizado plenamente em saco preto de lixo. Tudo lá: confete, axé, moeda, samba, quadril, arrocha…rasga saco de festinha onde se disputa a tapa algum mimo. Mas qual escolher? É pegar o que der, o máximo que der e mexer. Sambarroxé – mexidão politicamente confuso e carnavalizado.
Jorge Alencar
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