Assim como este manifesto, para este dia 29 de abril de 2011, Dia Internacional da Dança, a capital Fortaleza e o estado do Ceará estão diferentes.
Isso porque a dança cearense não é mesmo só a capital, digamos bem o que está acontecendo em Itapipoca, Paracuru, Juazeiro do Norte, Trairi, já há um bom tempo.
Precisamos urgentemente convocar para nossas danças aquilo que nos afeta no mundo.
O individuo se institucionalizou, deixou-se institucionalizar. Já não tem voz própria, é isso mesmo?
Cadê então o sangue correndo nas veias, os ossos batendo no chão, os músculos se contraindo no correr, os neurônios se conectando para vibrar pensamentos, cadê, cadê, cadê, sentimos isso nas nossas danças?
Mais ou menos assim, eu quero fazer dança, mas não sei como, mesmo assim vou resistir, não posso desistir, até posso, então tento mais um pouco, algo diferente, mas não tanto, ou mesmo igual, ver no que dá, deu certo, mas não tanto e continuo, permaneço …
Mas e ai, eu quero mesmo fazer dança? O que a dança tem feito de mim e por mim? O que eu tenho feito pela dança?
Pois de muitas e tantas perguntas que soam conceituais, uma nos faz sentir diferente, se falada em tom cadenciado e olho no olho: o que a dança representa para tua vida?????
Devemos, então, inibir as expectativas para expandir e não desperdiçar a experiência.
Percebo-me? Percebo o que está invisível à minha volta?
Temos editais e cursos de formação, porém, precisamos refletir mais sobre criação artística, suas sutilezas e reverberações nas obras e ações de dança.
Há muito o que se fazer. Ler mais, escrever mais, conversar mais sim, isso temos que fazer, pois idéias, assim como pessoas, também morrem se nelas não há movimento ou não se põe em movimento.
Precisamos convocar para as nossas danças questões realmente pertinentes para outros sensos comuns sobre o corpo dançante e sobre a vida.
Pois, de fato, só conseguimos levantar (boas) hipóteses, como a de parar, continuar, resistir, insistir, tentar, revoltar-se, subverter, comprometer-se, recomeçar, pulsar, desfazer, espreitar, resignar-se, revolver, profanar …, se estivermos em movimento.
Nossas danças contemporâneas ora conseguem evidenciar outros modos de lidar com o corpo dançante, ora esse corpo que dança parece preso ao espetacular ou pré-fabricado.
E ai? E nossa dança, como está, como estás? E nós na nossa dança, como estamos?
Mais manifestos
29 de abril: a dança sai às ruas – c.e.m / Lisboa
Mensagem da REDE no Dia Mundial da Dança 2011
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