É possível a crítica da crítica quando não estamos acostumados com sua existëncia, logo, somos reativos, negativamente, até mesmo para quem faz a crítica?

O jornalista Magela Lima publicou o texto opinativo intitulado “Ceará de tantas e tantas cenas” (O Povo, Caderno Vida & Arte, Coluna Imagem & Movimento, edição do dia 24.12.2010), que causou indignação no ator e diretor de teatro Cacá Araújo (ver carta aberta enviada pela Internet e disponível logo mais abaixo) que, na sua contra-argumentação, disse que o conteúdo do texto em questão havia negligenciado a produção teatral (diga-se, teatro) do interior do Ceará, o que nos abre um bom precedente, que a necessidade de discutir com mais cuidado informativo e abrangëncia produtiva o ambiente das chamadas artes cënicas do nosso estado.

E novamente: é possível a crítica da crítica quando não estamos acostumados com sua existëncia, logo, somos reativos, negativamente, até mesmo para quem faz a crítica?

No que tange à dança, o texto complementar “Produção em queda, vitrine fortalecida”, relacionado ao texto principal “Ceará de tantas e tantas cenas”, apontou, de forma objetiva, aspectos importantes a serem pensados por nós da dança, e complementados por nós da Dança, visto que muita e muita coisa aconteceu nesse ano que se achega, sorrateiro.

Dentre os aspectos, ressalto a pertinëncia dos nomes citados, como Andréa Bardawil, Valéria Pinheiro, Fauller e, em especial, Silvia Moura, que mobilizou a tão necessária “Mostra de Solos e Duos”, e, portanto, percebeu já no correr do ano a findar que o desafio principal para o ambiente da dança no Ceará é pensar criticamente a criação artistica de dança e a sua relação com o público, este último aspecto salientado no final do texto complementar de Magela.

A mesma pergunta de outro modo: pode a crítica ou qualquer texto opinativo dar conta da complexidade que são as chamadas artes cênicas, considerando as especificidades do teatro e da dança?

A saber, em 2011 acontece a edição oficial da Bienal Internacional de Dança (ano 8) para o segundo semestre, além da programação do Quarte Em Movimento (Secultfor) e Quinta com Dança (Dragão do Mar, Secult-Ce), já com os contemplados anunciados e agenda para iniciar no primeiro trimestre do ano.

Texto: Jornalista despreza a arte e os artistas do interior do estado“, de Cacá Araújo em resposta ao texto Ceará de tantas e tantas cenas de Magela Lima – Jornal O Povo

Olá, amigos

Acabei de ler uma reportagem numa página assinada por Magela Lima intitulada “Ceará de tantas e tantas cenas” (O Povo, edição de 24.12.2010). Achei-a pobre e descabida. Uma análise de quintal, para divulgação de poucos amigos, com todo o respeito, típica de quem não se dá ao trabalho de considerar o que se realiza em outras regiões do Ceará. O leitor desavisado jamais saberá que existem o Cariri/Centro Sul, o Sertão Central, Sobral/Ibiapaba etc.

Pois saibam todos, inclusive o Sr. Magela Lima, que existe uma profícua e diversificada produção de teatro e dança no Cariri cearense e em outras localidades. Uma matéria num jornal de circulação nacional da estirpe do O POVO não poderia ser tão estreita e apequenadora das artes e dos artistas do interior do estado. Pecaram, o jornal e o repórter, pela falta de pesquisa.

As “tantas e tantas cenas” do Ceará não se resumem aos amigos de Fortaleza. Estendam a visão ao conjunto do estado e verão um mundo bem maior e mais belo que o desenhado no medíocre e infeliz “balanço” do jornalista Magela.

Ainda há tempo de desfazer o equívoco. Dou uma dica: só no Cariri, organizando-se em cooperativa, temos mais de 20 companhias de teatro e dança em plena e farta produtividade. Muitas delas com 5, 10, 20, 25 anos de atividade. Quase todas com elenco profissional e funcionamento permanente, fundado em pesquisa.

Um forte abraço!!!

Cacá Araújo
Crato-CARIRI-Ceará-BRASIL
Ator e Diretor de Teatro

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